1. A Realidade
Anualmente, a Guiné-Bissau consome cerca de 200 mil toneladas de arroz, mas só produz localmente cerca de 60 mil toneladas, vendo-se obrigada a importar o cereal para responder às necessidades da população. Cerca de 140 mil toneladas são importadas sobretudo de países asiático, China, Vietname, Bangladesh e India. [1]

Imagem 1: Transporte de arroz na Guiné-Bissau
Devido à dependência de arroz importado, o preço de arroz na Guiné-Bissau não está estável. Para permitir que o arroz chegue a preços razoáveis à população, o governo passou a subvencionar a importação desde agosto de 2023.[2] Neste período, o Governo tem perdido cerca de quatro mil milhões de francos CFA, cerca de seis milhões de euros, em subvenções do arroz.[3] No entanto, o governo acabou com a subvenção estatal em abril de 2024, alegando dificuldades financeiras e recomendação do Fundo Monetário Internacional para eliminar tais subsídios. O fim da subvenção à importação do arroz levou ao aumento dos preços deste produto.
2. Diversificação da produção agrícola
A Guiné-Bissau importa quase todos os seus produtos alimentares. O único produto que o país exporta é a castanha de cajú, cuja campanha não tem dado resultados satisfatórios nos últimos anos e que hoje não tem o mesmo valor que tinha.
Nos últimos anos, os agricultores reduz a gestão e o investimento nos campos de cultivo de arroz devido ao comércio da castanha de cajú. Isso também conduziu a baixa produção nacional.
Continuar com um único produto como o cajú é arriscado para a economia nacional. O aumento da produção de arroz é a melhor saída para a crise de alimento e ajuda promover a diversificação da produção agrícula. O facto de por mês, a Guiné-Bissau necessitar de 12 mil toneladas do arroz. Há mercado interno para a compra do arroz.
3. As potenciais do cultivo de arroz
O país tem as as condições naturais propícias para o cultivo de arroz e tem o potencial para fazer três colheitas de arroz anualmente, aproveitando dois grandes rios de água doce, nomeadamente o rio Geba e o rio Corubal.
A produção de arroz na Guiné-Bissau ocorre em diferentes ecossistemas: [4]
Arroz de planície alagada (bolanha): predominante nas regiões costeiras e ribeirinhas, aproveitando a água da chuva e das marés.
Arroz de planalto: cultivado durante a estação chuvosa, em áreas mais elevadas.
Arroz de mangue: técnica tradicional utilizada sobretudo pelas comunidades do sul (ex: Tombali e Quinara), com barragens de maré.
São necessários investimentos no ordenamento hidroagrícola das terras e em infraestura agrívula, criando condições de irrigação e escoamento das águas para produzir arroz suficiente. Com essas medidas, o país pode caminhar rumo à autossuficiência e à melhoria das condições de vida das populações rurais.

Imagem 2: Campo de cultivo de arroz
4. Assistência da China
Desde 1998, a Equipe Chinesa de Assistência Técnica Agrícola está firmemente estabelecida na área de Bafatá, com mais de 230 especialistas enviados. Os especialistas chineses trouxeram sementes, pesticidas, fertilizantes, maquinário e tecnologia, orientando passo a passo no cultivo científico de arroz e trazendo uma nova esperança. Em três regiões, incluindo Bafatá, a produção de arroz aumentou de 1,4 toneladas por hectare para 4,9 toneladas por hectare. Nas áreas de demonstração, o rendimento médio atingiu 8,5 toneladas por hectare, com o rendimento mais alto chegando a 10 toneladas por hectare. [5]

Imagem 3: Especialistas chineses ajudam agricultores da Guiné-Bissau a colher arroz de alta qualidade
Juntamente com o aumento da produtividade do arroz, as áreas de plantio de arroz na Guiné-Bissau foram ampliadas de 60 mil hectares para 100 mil hectares. O arroz é o alimento básico da dieta da população guineense. Promover o cultivo local de arroz é uma prioridade estratégica para a Guiné-Bissau. Isso não apenas ajuda a reduzir a dependência das importações, mas também a combater a insegurança alimentar.
[1] https://www.rfi.fr/pt/%C3%A1frica/20240305-guin%C3%A9-bissau-consome-200-mil-toneladas-de-arroz-por-ano
[2] https://www.dw.com/pt-002/governo-acaba-com-subven%C3%A7%C3%A3o-e-pre%C3%A7o-do-arroz-volta-a-subir/a-68875317
[3] https://www.rfi.fr/pt/%C3%A1frica-lus%C3%B3fona/20240420-guin%C3%A9-bissau-governo-aumenta-pre%C3%A7o-do-arroz
[4] https://www.agrotec.pt/noticias/o-arroz-na-guine-bissau-especies-cultivares-sistemas-de-producao-e-desafios-face-as-alteracoes-climaticas-bibliografia/
[5] https://www.yidaiyilu.gov.cn/p/04TUVM6F.html


