I. Introdução
A Guiné-Bissau localiza-se na África Ocidental, fazendo fronteira com o Senegal, a Norte, com a Guiné, a Este e a Sudeste, e com o Oceano Atlântico a Sul e Oeste. Com uma população estimada em cerca de 2 milhões de habitantes, a Guiné-Bissau é caracterizada por uma notável diversidade natural e cultural. O país oferece paisagens tropicais, rica biodiversidade e um património histórico-cultural que conferem ao território um forte potencial para o desenvolvimento do turismo.
II. Recursos turísticos e Potencial de crescimento
Apesar de ainda pouco explorado, o sector turístico guineense apresenta oportunidades significativas, sobretudo no segmento do turismo sustentável e de natureza. A Guiné-Bissau possui um conjunto notável de recursos turísticos naturais e culturais, entre os quais se destacam:
Arquipélago dos Bijagós: Reserva da Biosfera reconhecida pela UNESCO, composta por mais de 80 ilhas, com praias paradisíacas, fauna e flora únicas, e comunidades tradicionais com estilos de vida preservados.

Imagem 1: Arquipélago dos Bijagós
Parque Nacional de Cantanhez e Parque Nacional de Orango: Áreas protegidas com grande biodiversidade, incluindo espécies como o hipopótamo-anão, chimpanzés e tartarugas marinhas.

Imagem 2: Parque Nacional de Cantanhez
Património cultural: A diversidade étnica e linguística do país se reflecte em tradições, danças, rituais e gastronomia locais que oferecem experiências autênticas ao visitante.

Imagem 4: Mulheres da etnia bijago na ilha de Orango
História colonial e arquitetura: Algumas cidades, como Bolama e Bafatá, possuem vestígios da presença portuguesa, com edifícios coloniais e um legado histórico partilhado com os países lusófonos.

Imagem 5: CATEDRAL DE BISSAU
As ilhas do Arquipélago dos Bijagós, a fauna e flora exóticas, os recursos naturais preservados e a multiplicidade étnica e cultural fazem da Guiné-Bissau um destino autêntico, seguro e em crescimento. Com base nesse cenário, o sector turístico da Guiné-Bissau apresenta diversas oportunidades de crescimento:
Ecoturismo e turismo sustentável: o apelo das ilhas Bijagós e das reservas naturais é ideal para turistas interessados em experiências ecológicas, longe de destinos turísticos massificados.
Turismo cultural e da diáspora: o fortalecimento das ligações com os países da CPLP pode atrair visitantes interessados na cultura lusófona e na reconexão com as raízes africanas.
Turismo de aventura: com trilhas naturais, rios navegáveis e biodiversidade rica, a Guiné-Bissau é adequada para actividades como caminhadas, canoagem e observação de aves.
III. Situação actual do sector
Actualmente, o sector turístico na Guiné-Bissau representa uma fracção reduzida do PIB nacional. De acordo com dados do governo e organizações internacionais, nas últimas duas décadas, o país tem apresentado uma tendência crescente na entrada de passageiros estrangeiros, tendo começado com a entrada de 7.800 passageiros em 2001 e atingido o valor de 52.400 em 2019. O turismo é essencialmente doméstico ou regional, com uma presença limitada de turistas europeus, principalmente oriundos de Portugal e França.

Figura 1. Entrada de passageiros estrangeiros na Guiné-Bissau (2001-2019)
Fonte: elaboração própria, baseada em dados disponíveis em (World Bank, 2024).
A capital, com 46% dos alojamentos existentes no país, apresenta uma elevada concentração, essencialmente motivada por uma concentração equivalente de meios de transporte, acesso a bens e serviços, bem como pelo turismo de negócios em Bissau. Em segundo lugar, com 26% dos alojamentos do território guineense, está o Arquipélago dos Bijagós, o principal destino de sol e praia da Guiné-Bissau, turismo ornitológico, e de pesca. Apesar das dezenas de ilhas que compõe o arquipélago, é observada uma concentração na ilha de Bubaque, com 16 dos 31 alojamentos existentes. Esta concentração é motivada pelos acessos, sendo que Bubaque dispõe de um porto, onde chegam barcos de passageiros directamente da capital, Bissau, facilitando a chegada de visitantes.
Os restantes alojamentos distribuem-se pelo território continental da Guiné-Bissau, com especial predominância em áreas costeiras ou próximas, como Canchungo, Buba, Quinhamel, Cacheu, Varela ou Mansoa. Destes territórios, é de salientar o potencial da região de Varela, a única grande praia continental da Guiné-Bissau, com uma extensão de 35 quilómetros de areal, tornando-o o principal destino com potencial para a construção de resorts e investimento no turismo all-inclusive e de massas, representando atualmente uma das prioridades de captação de investimento por parte da Direção Geral de Promoção e Investimento Turístico e Hoteleiro, de modo a evitar uma concentração no Arquipélago dos Bijagós e a proteger a sua biodiversidade. [1]
IV. Conclusão
Reconhecendo a necessidade de atrair investimentos e melhorar o ambiente de negócios, o governo tem procurado implementar medidas estratégicas para tornar o país mais competitivo no sector de turismo. Um dos marcos mais recentes nesse esforço foi o lançamento de um guia oficial para investimento no sector do turismo em 2023, que visa fornecer informações claras, incentivar parcerias público-privadas e facilitar a entrada de investidores nacionais e internacionais. O guia traz todos os passos para facilitar o investimento e vai atenuar a pesada burocracia existente no país. Esta iniciativa representa um passo positivo rumo à valorização do potencial turístico do país e à sua integração no mercado turístico global.
O turismo na Guiné-Bissau permanece em estado embrionário, mas o seu potencial é considerável, sobretudo no contexto do turismo sustentável e de nicho. Para desbloquear esse potencial, é essencial uma abordagem coordenada entre o sector público, o sector privado e os parceiros internacionais. A estabilidade política, a melhoria das infraestruturas e o investimento em capital humano são condições indispensáveis para transformar o turismo num verdadeiro motor de desenvolvimento económico e social para o país.
[1] https://journals.openedition.org/viatourism/12524


