Duas empresas estatais da China assinaram, em Julho, de forma independente, acordos com o Governo angolano, visando investimentos de grande escala no sector agrícola do país lusófono. Em causa está um valor combinado de 350 milhões de dólares americanos, destinado ao desenvolvimento de explorações agrícolas de soja e cereais em território angolano, segundo informação do Ministério da Agricultura e Florestas da nação africana.
Um dos acordos envolve a Citic Construction (Angola) Co., Lda., ligada ao conglomerado estatal chinês Citic Group. O outro foi rubricado com a Sinohydro Construction Angola, Lda., subsidiária do Sinohydro Group, especializado em centrais hidroeléctricas e engenharia civil.
Nas palavras do Ministro da Agricultura e Florestas angolano, Isaac dos Anjos, as autoridades do país lusófono esperam que as parcerias possam abrir portas para a produção de grãos a nível nacional, a uma escala empresarial considerável. O responsável sublinhou que se pretende atingir volumes que permitam a Angola catapultar-se para o mercado da exportação.
Segundo Fan Juntao, Director-Geral da Citic Construction (Angola), a empresa pretende investir cerca de 250 milhões de dólares americanos no seu projecto agrícola, a serem aplicados em cinco fases, com todo o financiamento assegurado por investidores chineses.
Numa primeira fase, os alvos serão as províncias de Malanje, envolvendo cinco mil hectares, e Cuanza-Norte, com três mil hectares. O objectivo a longo prazo é atingir uma área de produção de 100 mil hectares – cobrindo diversas províncias, focada nas culturas do milho e da soja, para consumo interno e também para exportação, nomeadamente para a China.
De acordo com o Memorando de Entendimento assinado entre a Citic e o Ministério da Agricultura e Florestas de Angola, o projecto visa a diversificação da economia angolana, tendo em conta que o Executivo do país lusófono “está fortemente empenhado em promover projectos agrícolas no domínio da produção de cereais e grãos em grande escala, com o objectivo de garantir a segurança alimentar, combate à fome e pobreza, e o aumento da produção e produtividade, geração de empregos e redução das importações”, pode ler-se.
No âmbito do projecto da Citic, serão instalados laboratórios modernos destinados ao melhoramento genético certificado de sementes, bem como promovido o desenvolvimento de um sistema de armazenamento inteligente em regiões agrícolas chave, entre outros elementos.
Mais produção, maior competitividade
Já a parceria com o Sinohydro Group surge ligada ao Plano Nacional de Fomento para a Produção de Grãos, visando promover a melhoria da produção angolana. O acordo, avaliado em 100 milhões de dólares americanos, inclui a concessão à empresa, por parte das autoridades angolanas, dos direitos de exploração de vários terrenos por um período mínimo de 25 anos, isentos de qualquer taxa ou imposto directo sobre a terra. A primeira fase do projecto envolve a exploração de uma área total de três mil hectares em três províncias angolanas.
A iniciativa prevê a criação de uma base agrícola de grande escala para produção de cereais. A empresa planeia construir infra-estruturas logísticas de apoio, como estradas e sistemas de suporte agrícola, incluindo armazéns e projectos de irrigação. A Sinohydro Construction Angola compromete-se ainda, no âmbito do seu investimento, a aumentar o número de empregos para jovens locais.
“Angola tem os melhores recursos naturais”, sublinhou Li Xunfeng, representante da Sinohydro Construction Angola, após a assinatura do acordo. “Pensamos que também é nossa responsabilidade contribuir para a área da agricultura”, acrescentou, citado num comunicado do Ministério angolano, numa referência à presença da empresa em Angola há mais de duas décadas.
Li Xunfeng sublinhou ainda que há um grande desejo de que o projecto da empresa seja uma experiência de sucesso, com vista a atrair outros investidores da China para Angola.


