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A produção de cereais em Angola precisa urgentemente de ser aumentada
Tempo de liberação:2023-11-06
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Angola tem um território vasto, uma linha de costa extensa, vastas áreas cultiváveis, um clima favorável ao desenvolvimento de várias culturas agrícolas e recursos hídricos abundantes, com 47 zonas aquáticas compostas por cinco sistemas fluviais. Por conseguinte, Angola possui um enorme potencial para o desenvolvimento agrícola. Actualmente, o desenvolvimento económico de Angola ainda depende muito da exportação de petróleo. O crescimento económico instável, o baixo nível de diversificação económica e as elevadas taxas de pobreza e desigualdade continuam a perturbar o governo angolano. Neste contexto, o desenvolvimento agrícola é uma estratégia necessária para o governo angolano alcançar a segurança alimentar, diversificar a economia e reforçar a capacidade produtiva, de modo a ajudar a reduzir a sua dependência da importação de produtos agrícolas.


Angola possui cerca de 58 milhões de hectares de solo arável, dos quais aproximadamente 5,7% foram desenvolvidos e aproveitados. Em termos de produtores agrícolas, o maior grupo de agricultores em Angola são os pequenos produtores individuais (agricultura familiar) que possuem menos de 5 hectares (47,3%). Em seguida, estão as fazendas de média e pequena dimensões constituídas sob a forma de sociedades de responsabilidade limitada (26%), enquanto as explorações agrícolas comerciais de grande dimensão com mais de 100 hectares pertencem normalmente a empresas públicas (estatais), representando 22,1% do total de fazendas.


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Fonte de dados: Ministério da Agricultura e Pescas de Angola


Devido à implementação do “Programa de Apoio à Produção, Diversificação das Exportações e Substituição das Importações” (PRODESI), a produção total de arroz, milho, trigo e soja em Angola aumentou em 24%, entre 2017 e 2021. Em particular, registou-se um aumento de 25% na produção de milho e 12% na produção de arroz. Em 2021, o valor da produção agrícola representou cerca de 9,5% do PIB de Angola, sendo o sector agrícola a principal fonte de renda para a maioria da população do país. Dado que mais de metade dos alimentos consumidos no país dependem da importação, a taxa de inflação em Angola tem-se mantido em níveis elevados este ano, por causa do aumento dos preços dos grãos no mercado internacional em consequência da guerra entre a Rússia e a Ucrânia.

Tabela 1: Volume de produção de arroz, milho, trigo e soja, de 2017 a 2021

FileiraCulturas seleccionadas
Produção 2017
(toneladas)
Produção 2018
(toneladas)
Produção 2019
(toneladas)
Produção 2020
(toneladas)
Produção 2021
(toneladas)
Variação absoluta (2017–2021)
Variação relativa (2017–2021)
Cereais
Arroz
9,426
9,699
10,102
10 567
10,514
1,088
12%
Milho
2,380,522
2,762,619
2,818,684
2 972 177
2,970,209
589,686
25%
Trigo
8,505
4,474
9,172
9 368
8,100
-405
-5%
Leguminosas
Soja
36,001
35,266
37,350
37 961
37,317
1,315
4%
Total
2,434,4542,812,0582,875,308
3,030 073
3,026,140
591,686
24%
Fonte de dados: Ministério da Agricultura e Pescas de Angola


Embora a produção de grãos em Angola tenha aumentado, existe ainda uma grande escassez no contexto de um enorme mercado doméstico. Em 2021, o volume total de importação das culturas de arroz, milho, trigo e soja para Angola foi de 1.326.070 toneladas, no valor de 791 milhões de dólares, registando um aumento de 60% em relação a 2017. O trigo teve a maior proporção, representando 39% do total, seguido pelo arroz, representando 33%.

Tabela 2: Volume de importação de arroz, milho, trigo e soja, de 2017 a 2021 (toneladas)

Importação (toneladas)
Fileira
Culturas seleccionadas2017
2018
2019
2020
2021
Taxa de crescimento (média anual)Taxa de crescimento
(2020-2021)
Cereais
Arroz
37,420
350,725
455,352
537,971
488,722
90%
-9%
Milho
435,506
241,367
209,706
139,762
138,984
-25%
-1%
Trigo
588,494
634,134
595,245
768,602
599,461
0%
-22%
Leguminosas
Soja
23,898
144,440
182,505
77,489
98,902
43%
28%
Total
1,085,318
1,370,676
1,442,358
1,523,824
1,326,070
5%
-13%
Fonte de dados: Administração Geral Tributária de Angola

Tabela 3: Valor de importação de arroz, milho, trigo e soja, de 2017 a 2021 (mil dólares)

Valor de importação (mil dólares)
Fileira
Culturas seleccionadas
2017
2018
2019
2020
2021
Taxa de crescimento
 (média anual)
Taxa de crescimento
(2020-2021)
Cereais
Arroz
23,438
251,691
286,857
347,980
263,462
83%
-24%
Milho
161,866
123,793
77,753
71,056
73,259
-18%
3%
Trigo
270,254
286,052
291,774
287,712
305,197
3%
6%
Leguminosas
Soja
39,083
118,314
120,673
92,567
149,839
40%
62%
Total
494,640
779,850
777,057
799,316
791,757
12%
-1%
Fonte de dados: Administração Geral Tributária de Angola


Segundo as previsões do Ministério da Agricultura e Pescas de Angola, até 2027, o consumo anual de arroz, milho, trigo e soja alcançará 10.239.394 toneladas. Caso a capacidade de produção de grãos do país seja ainda baixa nessa altura, isso pode resultar em maior dependência da importação de grãos por parte do país. Com o objectivo de garantir a segurança alimentar, de aumentar receitas e de reforçar a competitividade de Angola, para transformar Angola num grande produtor de grãos na região centro-sul da África a médio prazo, o governo angolano lançou, em 2022, o “Plano Nacional de Fomento para a Produção de Grãos” (doravante designado por PLANAGRÃO) e propôs aumentar a produção de grãos, especialmente arroz, milho, trigo e soja, principalmente nas províncias do leste do país, incluindo as quatro províncias de Lunda Norte e Lunda Sul, do Moxico e do Cuando Cubango. Com este plano, procura-se atingir a meta a curto prazo, a saber, uma área de cultivo de 2 milhões de hectares no país e um volume de produção de grãos de 6.104.282 toneladas, até 2027.


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De momento, o desenvolvimento das micro, pequenas e médias empresas agrícolas em Angola está a enfrentar sérios desafios. A escassez de capital e crédito, as infra-estruturas precárias, as capacidades técnicas limitadas e a falta de acesso ao mercado (factores incluem altos custos e/ou falta de meios de transporte) são os factores restritivos ao desenvolvimento. Devido à dificuldade em obter informações de mercado, os pequenos produtores têm fraca capacidade de negociação. E ainda por cima, a falta de condições de armazenamento, de processamento e de transporte agrava a sua vulnerabilidade. Além disso, a produtividade é severamente afectada pela utilização e disponibilidade limitada de sementes de alta qualidade, fertilizantes e mecanização, pelas práticas agrícolas inadequadas, pela área limitada de irrigação e pela falta de transmissão dos conhecimentos agrícolas. A título de exemplo, estima-se que 94% das sementes de milho plantadas pelos agricultores de Angola sejam provenientes de sementes cultivadas nas próprias fazendas ou de grãos e sementes reproduzidos pelos agricultores. Em caso de outras culturas (como legume seco, painço, sorgo, amendoim e trigo), a proporção é ainda maior, o que resulta em baixa produção de culturas.


Portanto, para alcançar os objectivos de produção estabelecidos no PLANAGRÃO, o governo angolano alocará um total de 2,85275 biliões de kwanzas (cerca de 5,705 mil milhões de dólares) para o desenvolvimento de e o apoio às actividades de produção de grãos, durante o período de 2023 a 2027. Em particular, o governo angolano vai realizar um investimento público de 1,17815 biliões de kwanzas (cerca de 2,356 mil milhões de dólares) para financiar a construção de infra-estruturas, as despesas básicas de divisão de terras e a construção de estradas para áreas de produção. Quanto aos restantes 1,6746 biliões de kwanzas (cerca de 3,349 mil milhões de dólares), o governo angolano vai colaborar com o Banco de Desenvolvimento de Angola (BDA) e o Fundo Activo de Capital de Risco de Angola (FACRA) para fornecer financiamento às actividades de produção de grãos no sector privado. O BDA indicou que a taxa de juros anual desse crédito especializado é de cerca de 7,5%.

Tabela 4: Fontes dos fundos (mil kwanzas e mil dólares)

Componentes2023
2024
2025
2026
2027
Total
Investimentos públicosInfra-estruturas173,484,342
199,730,539
232,242,038
266,839,072
305,852,721
1,178,148,712
Subtotal173,484,342
199,730,539
232,242,038
266,839,072
305,852,721
1,178,148,712
Crédito públicoBDA
246,358,204
275,299,279
311,157,292
349,346,355
392,442,254
1,574,603,383
FACRA
20,000,000
20,000,000
20,000,000
20,000,000
20,000,000
100,000,000
Subtotal266,358,204
295,299,279
331,157,292
369,346,355
412,442,254
1,674,603,383
TotalAOA
439,842,546
495,029,818
563,399,329
636,185,426
718,294,975
2,852,752,095
USD
879,685
990,060
1,126,799
1,272,371
1,436,590
5,705,504
Fonte de dados: Ministério da Agricultura e Pescas de AngolaTaxa de câmbio 1 USD = 500 AOA


Os últimos cinco anos e os próximos cinco anos são períodos em que o governo angolano tem uma forte vontade de procurar cooperação para o desenvolvimento agrícola. Será um bom momento para desenvolver projectos agrícolas em Angola, um convite lançado às empresas e investidores chineses.