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São Tomé e Príncipe busca transição energética
Tempo de liberação:2025-05-30
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São Tomé e Príncipe é um país insular localizado na costa oeste da África Central, composto por duas ilhas principais: a ilha de São Tomé e a ilha do Príncipe.O país tem conhecido alguns progressos na construção de infraestruturas energéticas, seja ela ao nível das centrais como das redes eléctricas. No entanto, enfrenta muitos desafios no sector energético. Em particular, A produção de energia continua a ser insuficiente segundo as necessidades da população. O fornecimento de eletricidade está instável devido à falta de verbas para a importação de gasóleo e avarias de geradores.

1. Estrutura energética e Estado atual do abastecimento

Até à data o país não é produtor de petróleo. A estrutura energética de São Tomé e Príncipe depende principalmente de combustíveis fósseis importados, especialmente gasóleo. O gasóleo importado é utilizado para a produção de eletricidade e para os transportes. O país utiliza a produção termoelétrica como a principal fonte de produção de eletricidade: 95,4% da produção elétrica total.


Devido à falta de recursos internos de combustíveis fósseis, como o petróleo e o gás natural, a nação insular depende quase inteiramente das importações para satisfazer as suas necessidades energéticas. O País gasta 40 milhões euros por ano na compra e transporte de combustíveis para a produção e fornecimento de energia à população. Esse modelo de alta dependência de combustíveis importados torna o abastecimento energético do país muito vulnerável, especialmente em situações de flutuações nos preços globais do petróleo e interrupções nas cadeias de abastecimento, o que traz grandes riscos para a segurança energética nacional. Os sucessivos e pesados encargos financeiros que o país tem vindo a sofrer nos últimos anos resultam da forte dependência de combustíveis fósseis importados para a produção de electricidade. O país acumula uma dívida para com a petrolífera angolana Sonangol avaliada em mais de 250 milhões de dólares.


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Devido ao domínio da geração de energia a gasóleo, o custo energético em São Tomé e Príncipe é relativamente alto, o que representa um desafio tanto para os residentes locais quanto para as empresas. Os altos preços da eletricidade limitam o desenvolvimento industrial e comercial do país e afectam negativamente a qualidade de vida das famílias comuns. Um desenvolvimento industrial e socioeconómico sustentável em São Tomé e Príncipe depende fortemente de uma reforma do sector de energia e de uma mudança transformacional de uma dependência quase completa de combustíveis fósseis para energias renováveis (ER) e eficiência energética (EE). Além disso, a combustão de combustíveis fósseis também causa impactos negativos no meio ambiente, incluindo poluição do ar e emissões de gases de efeito estufa, problemas que são particularmente graves no actual contexto das mudanças climáticas globais.

2. Potencial de energias renováveis

Apesar dos muitos desafios, São Tomé e Príncipe possui um grande potencial na área das energias renováveis. A localização geográfica e as condições naturais do país tornam-no um local ideal para o desenvolvimento de energias renováveis.


Primeiro, o país está localizado próximo ao equador, o que proporciona uma abundância de radiação solar e oferece um grande potencial para a energia solar. A fonte energética solar, com fortes potencialidades descentralizadas, constitui um potencial energético para os santomenses nas áreas rurais e periurbanas. São Tomé e Príncipe pode reduzir significativamente a dependência de combustíveis importados através do desenvolvimento de tecnologias fotovoltaicas. O potencial solar em São Tomé e Príncipe ronda os 4 kWh/kWp (quilo watt hora/quilo watt pico) para as áreas suscetíveis de desenvolvimento de centrais solares fotovoltaicas, com foco nas regiões norte e nordeste, com projectos pontuais desenvolvidos mais ao nível rural, em escolas ou de iniciativa privada.


São Tomé e Príncipe já tem a sua primeira central fotovoltaica em 2023. A central de Santo Amaro tem capacidade estimada de 540kwp (kilowat pico) na primeira fase e já está em pleno funcionamento e a produzir energia para a rede nacional. A segunda fase do projecto é financiado pelo Banco Africano de Desenvolvimento, para a instalação de painéis solares, na zona sul da central de Santo Amaro, com capacidade estimada de 1,7 megawatt pico (MWp), aumentando a capacidade da central para a produção de dois megawatts. Esta energia limpa representa cerca de 1/10 da produção actual e irá apoiar na redução dos custos com a energia produzida a combustível fóssil.


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Segundo, o país possui abundantes recursos hídricos, especialmente na ilha de São Tomé. O terreno montanhoso e as chuvas abundantes criam condições favoráveis para a geração de energia hidrelétrica. Um potencial hídrico total é estimado em 31 MW (megawatts).


Embora São Tomé e Príncipe já possua algumas pequenas instalações hidrelétricas, devido a limitações técnicas e financeiras, a escala e a eficiência dessas instalações ainda são limitadas.Na era pós-independência, as centrais hidroelétricas conheceram uma estagnação ao nível da capacidade instalada, acompanhada da degradação das infraestruturas existentes devido a negligências quanto à operação e manutenção destas infraestruturas. Atualmente apenas a central do Contador está activa, contribuindo com 4,6% do mix eléctrico do país.


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Centrais hidroeléctricas em STP/ Fonte:DGRNE


Com o aumento da atenção da comunidade internacional para as energias renováveis, São Tomé e Príncipe tem a expectativa de receber mais assistência técnica e apoio financeiro para desenvolver ainda mais seus recursos hidrelétricos e outras fontes de energia renovável.

3. A infraestrutura elétrica relativamente defasada

A infraestrutura elétrica de São Tomé e Príncipe é relativamente defasada, o que representa outro grande obstáculo ao desenvolvimento energético do país. A taxa de eletrificação é de 87% em São Tomé e 100% no Príncipe, mas o estado actual de degradação da infraestrutura elétrica resulta em elevadas perdas técnicas que, juntamente com as elevadas perdas comerciais, estimadas em 34,5%, contribuem para a ineficiência do sector elétrico. As instalações elétricas antigas e a falta de recursos para manutenção agravam ainda mais a instabilidade no fornecimento de energia. A fragilidade da infraestrutura elétrica também torna o país mais vulnerável a desastres naturais e outros eventos imprevistos. Esses problemas precisam de ser resolvidos no desenvolvimento futuro.

4. Perspectivas futuras

Diante dos desafios no sector energético, o governo de São Tomé e Príncipe já reconheceu a importância das reformas e tomou uma série de medidas para melhorar a estrutura energética. O governo está se esforçando para reduzir a dependência de combustíveis importados, diversificando o fornecimento de energia e promovendo o desenvolvimento de energias renováveis. Para alcançar esses objectivos, o governo está colaborando com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), o Banco Mundial (BM), o Banco Africano de Desenvolvimento (BAD) e outras organizações internacionais para impulsionar alguns projectos de energias renováveis, com o objectivo de aumentar a eficiência energética e a proporção de energias renováveis na matriz energética. Além disso, o país também está buscando investimentos externos para melhorar a infraestrutura elétrica e o nível tecnológico. Essas colaborações internacionais não apenas fornecem a São Tomé e Príncipe o financiamento e o suporte técnico necessários, mas também oferecem valiosas experiências e conhecimentos para promover o desenvolvimento sustentável do sector energético.