O Presidente brasileiro deslocou-se a Pequim em Maio, onde se reuniu com o homólogo chinês. No âmbito da visita, foram selados 20 acordos bilaterais de cooperação
O líder do Brasil, Luiz Inácio Lula da Silva, viajou até à China em Maio passado, para uma visita de cinco dias ao país. A deslocação ficou marcada por um encontro com o Presidente chinês, Xi Jinping, durante o qual ambos os lados concordaram em fortalecer a “Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil‑China por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável”, reconhecendo a importância de continuar a desenvolver de maneira cada vez mais estreita e estável as relações económico-comerciais bilaterais, de acordo com uma declaração conjunta final.
Segundo o documento, os Presidentes chinês e brasileiro reiteraram o firme compromisso em “impulsionar conjuntamente os processos de modernização do Brasil e da China, facilitar investimentos, promover a interconectividade regional e contribuir para o desenvolvimento sustentável”.
Xi Jinping recordou que, por ocasião do 50.º aniversário do estabelecimento de relações diplomáticas entre a China e o Brasil, celebrado no ano passado, os dois países anunciaram a elevação da sua parceria a uma “Comunidade de Futuro Compartilhado Brasil-China por um Mundo mais Justo e um Planeta mais Sustentável”. Segundo um comunicado do Ministério dos Negócios Estrangeiros da China, o Chefe de Estado chinês sublinhou que essa decisão serve agora de trave-mestra para mais “50 anos dourados” nas relações sino-brasileiras.
Durante o encontro, o governante apelou a uma intensificação das sinergias entre as estratégias de desenvolvimento de cada um dos dois países. Defendeu também esforços conjuntos para reforçar a solidariedade e a concertação entre as nações do denominado “Sul Global”.
O líder chinês destacou quatro eixos prioritários para o futuro no âmbito dos laços sino-brasileiros. Em primeiro lugar, Xi Jinping salientou o reforço da confiança estratégica mútua. Em segundo, realçou a ampliação da cooperação, incluindo a articulação entre a iniciativa “Uma Faixa, Uma Rota” e os planos de desenvolvimento brasileiros, bem como o alargamento dos domínios de colaboração a sectores emergentes como a transição energética, a área aeroespacial, a economia digital e a inteligência artificial. O terceiro eixo referido pelo Presidente chinês prendeu-se com o reforço do intercâmbio entre povos e das trocas culturais, em consonância com o Ano Cultural Brasil-China, a ter lugar em 2026. Por fim, em quarto lugar, destacou a promoção da cooperação multilateral com vista à introdução de melhorias na governação global e à defesa da ordem económica e comercial internacional.
Por seu lado, o Presidente Lula da Silva salientou durante o encontro que a relação entre o Brasil e a China assenta no respeito mútuo e na partilha de uma visão de futuro comum. O líder brasileiro sublinhou que esta ligação é sólida e distinguiu a China de outras potências, afirmando que Pequim tem prestado apoio sincero e contínuo aos países latino-americanos, incluindo ao Brasil, nos seus esforços de desenvolvimento socio-económico.
O Chefe de Estado brasileiro manifestou também a vontade de aprofundar a cooperação estratégica com a China. Realçou o interesse em áreas como a economia e o comércio, as infra-estruturas, o sector aeroespacial e as finanças. Lula da Silva destacou ainda os avanços chineses no combate à pobreza, manifestando o desejo do lado brasileiro de aprender com essa experiência.
O governante criticou práticas proteccionistas e o uso abusivo de tarifas aduaneiras no âmbito do comércio internacional. Enalteceu a posição firme da China face aos desafios globais, considerando-a uma fonte de confiança para outros países, e defendeu a necessidade de uma maior coordenação estratégica com Pequim em assuntos internacionais.
No final das conversações, os dois Presidentes testemunharam a assinatura de 20 acordos de cooperação bilateral, abrangendo áreas como a articulação de estratégias de desenvolvimento, ciência e tecnologia, agricultura, economia digital, finanças, inspecção e quarentena sanitária e comunicação social.


